Depois de ficar mais de 10 anos no esquecimento, o pequeno speedway de Nazareth voltou a ser o assunto do povo. O empreendedor David Jaindl, que comprou o terreno do autódromo no final de 2015, anunciou o que vai fazer com ele. Em seu lugar, serão instalados condomínios residenciais, uma zona comercial e até um centro de distribuição de uma fábrica de violões e guitarras
Com suas curvas de traçado convencional de “curvas gêmeas”, o complexo centenário existiu por muitas décadas depois da inauguração em 1910. Nos anos 90, o risco de extinção da pista levou Roger Penske a comprar as instalações e reformá-las, nascendo assim, o trioval pavimentado, que estreou como uma das etapas da Indy de 1987. Desde então até 2004 o autódromo recebeu ininterruptamente etapas de CART/IRL todos os anos, além de diferentes divisões da Nascar a partir de 91.
A pista levava vantagem sobre as outras por ter um traçado pequeno e ser formado por três curvas de diferentes raios, proporcionando, assim, corridas desgastantes e de ultrapassagens difíceis, o que era capaz de fascinar os fãs mais exigentes ao mesmo tempo em que pouco empolgava o público em geral. Por estar a menos de 50 quilômetros de Pocono, acabou sobrepujado pelo revigorado superspeedway triangular numa concorrência muito desleal.
Existem outros tipos de autódromo fantasma americanos que se foram esquecidos nas últimas décadas.
Criado no fim dos anos 40, com a impulsão gerada pela “lei seca” americana (a Carolina do Norte sempre foi conhecida por sua força na produção de bebidas destiladas) e o surgimento da Nascar, o autódromo de North Wilkesboro sediou provas dos três principais níveis da categoria até 1996, quando definitivamente perdeu espaço para outros dois no mesmo estado: Rockingham e Charlotte. Já naquela época a pista era considerada ultrapassada se falarmos de estrutura e com traçado muito apertado (0,625 milha).
Após várias tentativas de reavivar o autódromo, capitaneadas por diferentes grupos de investidores, em 2010 enfim o pequenino autódromo reabriu as portas, recebendo algumas corridas de categorias nacionais menos expressivas. O esforço durou pouco, já em 2012 as pistas voltaram a ficar inativas, situação em que se encontra até os dias atuais.
Por falar sobre os autódromo fantasma, Rockingham, o oval em D de 1 milha (conhecido por boa parte da vida como North Carolina Motor Speedway) também acabou esquecido pela modernização constante de Charlotte nos anos 2000. Aberto em 1965, recebeu provas da Nascar até 2004 e, depois, entrou em forte declínio. Em 2007 mudou de mãos numa negociação de US$ 4,4 milhões, e o novo grupo de proprietários até conseguiu restaurar a pista e trazer de volta provas da Arca e também da Truck Series, terceira divisão mais importante da Nascar. O período de respiro durou até 2014. Ano passado as instalações foram comercializadas novamente por U$1,4 milhões a menos do que foi comprado, e ninguém mais sabe qual será seu destino.
Imagine uma pista que não é um oval perfeito, sem retas. Estamos falando de Langhorne, uma insanidade criada em 1926 e que sediou etapas de Nascar, AAA e Usac (sendo estas duas últimas antecedentes da atual Indy), além de uma das principais competições para carros de rua preparados dos EUA.
Por dispor apenas de uma curva constante com diferentes raios e inclinações, era consideravelmente dura em relação ao desgaste dos pneus, principalmente do lado direito. O problema era tamanho que, em 65, o traçado foi modificado para a forma de um D. Mas, já àquela época, a região localizada no estado da Pensilvânia se desenvolvia rapidamente e logo se tornaram irresistíveis as ofertas de compra do terreno. O fim chegou do autódromo fantasma em 1971.
Uma das praças mais misteriosas desta lista. Muito pouco se sabe sobre seu surgimento, mas é fato que o oval de terra de Beach Heaven surgiu nos anos 70, financiado por um cidadão chamado George Perluke. A pista sediou provas regionais de carros com os chamados “small blocks” (motores de capacidade cúbica considerada pequena pelos americanos). Em 1976 um competidor de moto morreu num acidente e, a partir de então, o local se transformou em um autódromo fantasma.
Construído em 1969, o Texas World entrou em um seletíssimo grupo formado por Indianápolis, Daytona, Talladega, Michigan, Pocono e Ontario: o de superspeedways (ovais de 2 ou 2,5 milhas). Mais do que isso, o projeto incluía também uma interessantíssima configuração mista de 4,7 km de extensão, digna de receber qualquer competição automobilística da época.
Nascar, Usac, Can-Am e IMSA até correram por lá, o que demonstra a versatilidade do complexo. O que deu errado foi falta de dinheiro para manter uma estrutura tão grande e, ao mesmo tempo, isolada de grandes centros e pouco visada. Atualmente o terreno serve de ferro velho para carros destruídos pelo furacão Harvey.
Essas e outras pistas foram esquecidas com o passar dos anos, e assim se tornando “autódromo fantasma”, por não sediarem mais nenhuma competição, ou por se tornarem perigosas.